Notícias


Nota pública sobre a eexecução dos jovens negros no Jardim São Luís


Publicado em: 12 de março de 2015
Créditos: CRP SP
Fotos: CRP SP

  Diante da morte de 11 moradores do Jardim São Luís, localizado na zona sul do Estado de São Paulo, durante a madrugada do último dia 07 de março, o CRP SP vem expressar seu repúdio e colocar-se ao lado da comunidade e das famílias das vítimas, mantendo a mais absoluta solidariedade ao povo negro e pobre de São Paulo, do Brasil e do mundo. As vítimas eram do sexo masculino e em sua maioria jovens e negros. Esse fato escancara o fosso da desigualdade social e racial no Brasil. Como negar agora o racismo combinado ao ódio de classe? Os 11 jovens assassinados foram sentenciados por serem negros? Por serem pobres? Por ambas as razões? Mais um massacre que é indefensável. Não há argumento para sustentar mais esse ataque à população negra. Quem historicamente deveria se submeter e continuar banido, sentenciado à invisibilidade, não está mais de acordo com essa condição. Existe uma força política nessa ação, que vai além da barbárie e agora é parte do descompasso entre promessas de mudanças para um mundo mais justo, com melhores oportunidades e distribuição de recursos, não apenas em políticas públicas, mas em ações do cotidiano que clamam por reconhecimento e pertencimento. Reconhecimento para a existência. Pertencimento ao território. Reconhecimento das suas singularidades, de seus símbolos, de sua forma de produzir afetos. Pertencimento aos lugares que lhe são próprios, mas que extrapolam o permitido. A ambiguidade é porque os corpos não se conformam mais com a exclusão, mas buscam os espaços que não foram feitos para recebê-los, como possibilidade de inclusão. A violência policial não é uma exceção aqui ou ali, mas um modus operandi do Estado para o genocídio da população negra, especialmente a da periferia. . Nós, como psicólogas e psicólogos, precisamos apostar numa realidade de fato mais justa, livre e igualitária. Somente com uma Psicologia crítica e comprometida, com posicionamentos antirracistas e inclusivos, poderemos superar os mecanismos de alienação que afetam a todos enquanto coletividade. Esperamos que os coletivos, movimentos sociais e entidades da sociedade civil comprometidos com os Direitos Humanos se fortaleçam e cresçam, pois isso é uma clara demonstração de saúde mental. Aquele que luta e reivindica uma vida diferente tende a uma maior satisfação, uma melhor saúde exatamente por que toda luta por reconhecimento é emancipatória. Uma sociedade sem racismo é possível! XIV Plenário do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. Março/2015