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18 de maio - Dia da Luta Antimanicomial


Publicado em: 18 de maio de 2020

O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo reforça o compromisso com a Luta Antimanicomial neste maio, mês de lutas. Pela primeira vez em anos não teremos o ato na rua na cidade de São Paulo que sempre reuniu com alegria e palavras de ordem contra os manicômios e contra as formas de exclusão e preconceito as/aos usuárias/os das políticas de Saúde Mental. Neste ano estaremos conectados virtualmente com várias ações pelo Brasil realizadas à distância, mas que buscam a diversidade de formas e conteúdo com a participação de vários atores dessa jornada.

Estamos vivendo momentos difíceis considerando a pandemia e também a postura e as ações explícitas e implícitas das esferas do governo em relação às políticas públicas. Há alguns anos a rede substitutiva aos manicômios e os serviços de Saúde Mental de base comunitária estão enfraquecidos e sucateados, muitos deles com escassez de recursos humanos e materiais e alguns, ainda, reproduzindo práticas manicomiais. Clínicas, comunidades terapêuticas e organizações gestoras de equipamentos públicos que atuam na perspectiva manicomial mantém a exclusão, o confinamento e o desrespeito à diversidade e às singularidades sob pretexto de tratamento. Um suposto tratamento que nunca teve sucesso na história da Saúde Mental e da Psicologia e que sempre se furta de mostrar evidências, por meio de pesquisas e evidências científicas, de sua efetividade no cuidado às pessoas que dele precisam. 

Reafirmamos nossa luta pelas formas de cuidado em Saúde Mental que sejam criativas, afetivas, comunitárias e em consonância com os princípios éticos da nossa profissão. Reafirmamos nossa luta pelo fortalecimento das políticas públicas de cuidado em liberdade e que garantam o acesso aos Direitos Humanos e Sociais. A Saúde Mental não deve se constituir apenas de equipamentos burocráticos de saúde, mas de espaços que acolham a diversidade de formas de manifestação psíquica diante do sistema capitalista perverso. O acesso ao Lazer, ao Esporte, à Cultura e à uma educação emancipatória e participativa também são peças fundamentais nas ações de cuidado em Saúde Mental.

É muito importante que a Psicologia esteja próxima e atenta às demandas da sociedade em momentos de crise política e econômica a fim de estreitar canais de comunicação numa perspectiva da educação popular e do respeito aos saberes populares, buscando o fortalecimento autônomo e formas de apoio mútuo e de micropolítica presente em nossas ações do dia a dia. Precisamos nos aproximar das áreas da Psicologia Comunitária, da Psicologia Social, da Psicologia Socioambiental, da Psicologia que atua e tem acúmulo na área das emergências e desastres, entre outros campos de saberes que buscam uma perspectiva ampliada e não reducionista à doença, medicalização e mercantilização da saúde e da vida.

“O manicômio é expressão de uma estrutura presente nos diversos mecanismos de opressão de nossa sociedade, mercantil e excludente. A opressão nas fábricas, nas instituições punitivas a crianças e adolescentes, nas instituições asilares e carcerárias, a discriminação contra negros, ‘LGBTQI+, povos das florestas e das águas, mulheres. Da mesma forma, lutar pelos direitos de cidadania dos ‘usuários de serviços de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas’ significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos à saúde, justiça e melhores condições de vida” (Carta de Bauru, 1987, atualizada)


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