Notícias


1º de Maio - Dia Internacional da/o Trabalhadora/or


Publicado em: 1 de maio de 2021

Hoje, 1º de Maio, se comemora o Dia Internacional da/o Trabalhadora/or. Esta é uma importante data de reflexão sobre a relação entre sujeito e trabalho e, em muitas partes do mundo, é marcada pelas lutas das/os trabalhadoras/es.

No Brasil, a data só foi reconhecida como feriado nacional em 1924 considerando as reivindicações sindicais no início do século 20. Porém, esse marco temporal desconsidera e oculta a história daquelas/es que foram escravizadas/os no País e que não têm sua dignidade reconhecida. Considerando os desdobramentos sociais, políticos e econômicos, é essencial pensar que essa história de luta e resistência é anterior às reivindicações do século passado.

Abordar a reflexão sobre essa relação apenas na perspectiva do trabalho como dignidade humana, restringe e esvazia os impactos causados na sociedade, no meio ambiente e na saúde das/os trabalhadoras/es.

Existe hoje um descompasso entre práticas organizacionais e direitos sociais conquistados. Neste sentido, é possível observar novas relações de trabalho marcadas pela crescente precarização dos vínculos trabalhistas, das relações contratuais, da organização e das condições de trabalho, da representação e organização coletiva (sindicatos), culminando na precarização da saúde da/o trabalhadora/or.

A Reforma Trabalhista marcada pela Lei 13.467/19 representa esse descompasso. O governo, ao diminuir encargos trabalhistas e flexibilizar normas que desonera as/os empresárias/os a fim de viabilizar novas contratações, buscou, em tese, aumentar o número de empregos no País. O que vemos é que a permissão legal para novas modalidades de contratação provocou o fechamento de mais postos formais de trabalho, dando lugar à informalidade e à “pejotização”, resultando na desregulamentação dos direitos trabalhistas.

Segundo dados do IBGE, até o fim de 2020, o Brasil tinha 13,9 milhões de desempregadas/os (desocupadas/os), 5,8 milhões de desalentadas/os e uma taxa de subutilização de 28,7%. Esses números têm aumentado na pandemia da Covid-19, acentuando a desigualdade que circunda a população.

A pandemia explicita ainda mais as condições desiguais de acesso e permanência no mercado de trabalho e os seus desdobramentos no que tange gênero, raça, classe e território. A população é afetada de forma diferente por todo o País, aquelas/es em situação de vulnerabilidade social são mais impactadas/os por conta da insuficiência de recursos, dificuldade de acesso à saúde, alimentação, saneamento e estratégias de prevenção e tratamento.

Também provoca novas reflexões em relação ao mundo do trabalho, sociedade, subjetividade e meio ambiente. Não apenas em relação à rotina das/os trabalhadoras/es que sofreram impactos, mas também à precarização que se intensificou, trazendo à tona questões referentes à segurança e à saúde, principalmente para quem precisa manter o trabalho presencial. Destaque para profissionais da linha de frente, tanto em serviços e instituições de combate ao coronavírus, como aquelas/es em espaços ditos serviços essenciais que não fecharam durante as medidas de isolamento.

A Psicologia, nos seus diversos âmbitos de atuação, como na saúde e na assistência social, está incluída nas categorias profissionais que tiveram seus serviços classificados como essenciais no atendimento à população.

Neste 1º de maio, marcado historicamente por lutas, reivindicações e articulações, demarcamos a importância da Psicologia e sua contribuição para enfrentar os fenômenos que circundam a vida da/o trabalhadora/or e os impactos que o mundo do trabalho provoca nas condições de vida, na garantia de direitos e na saúde, principalmente mental, da população.

A Psicologia tem lugar importante ao pensar articulações possíveis entre pessoas e mundo do trabalho, as condições e relações trabalhistas, assim como as repercussões na saúde das/os trabalhadoras/es. Ao contribuir com tais articulações, assume um compromisso de pautar questões que rompam com as explicações de cunho individualista e culpabilizante para os fenômenos que se apresentam coletivos e de cunho essencialmente social. É necessária uma Psicologia comprometida que articule a sua atuação entendendo as desigualdades que cercam a população.

Assim, alinhado a isso, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo reitera o seu compromisso com as demandas da classe trabalhadora. Às/aos psicólogas/os que atuam com a saúde da/o trabalhadora/or, recomendamos a leitura do documento “Saúde do Trabalhador no Âmbito da Saúde Pública: Referências para atuação da(o) psicóloga(o)”, produzido pelo Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), importante instrumento político, ético e técnico que alinha o exercício profissional à garantia de direitos e convoca às/aos psicólogas/os a uma prática alicerçada com o compromisso social.

A Psicologia é para todo mundo e se faz na defesa das trabalhadoras e dos trabalhadores

#PraTodosVerem: nesta publicação há um card em tons de azul e, ao fundo, listras e pontos nesta mesma cor. Na parte superior direita, a ilustração de um calendário com o símbolo da Psicologia. No centro, a ilustração de uma pessoa carregando uma engrenagem.


Termos relevantes
direitos humanos