Fórum de Representantes do CRP SP destaca desafios e urgência na participação social

Publicado em: 3 de abril de 2025

Nos dias 14 e 15 de março, a Subsede Metropolitana do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP) sediou o Fórum de Representantes, reunindo integrantes das subsedes, conselheiras e conselheiros, bem como especialistas para debater o papel das representações institucionais em órgãos de controle social. O encontro destacou a importância da Psicologia na defesa de direitos e os desafios estruturais para efetivar a democracia participativa.

Na sexta-feira (14), a vice-presidenta do CRP SP, Camila Andrade de Oliveira (CRP 06/94895), e a secretária do Conselho, Ana Tereza Marques (CRP 06/141032), apresentaram dados atualizados sobre as representações do CRP SP em 2024. Neste ano, a autarquia teve 632 representações em conselhos municipais, estaduais e fóruns nacionais. A vice-presidenta do CRP SP ainda detalhou a Política de Representação Institucional do CRP SP (Portaria CRP SP 16/2025) e o Manual de Representação Institucional do CRP SP, que podem ser acessados no Portal da Transparência, neste link.

No sábado (15), a advogada, doutora em Direito Constitucional e membra do Conselho Municipal de Assistência Social de São José do Rio Preto, Ana Paula Polachinni, abriu o debate destacando a centralidade da participação social na construção da democracia: “a Constituição de 1988 inovou ao dizer que o poder é do povo, mas a democracia direta não está escrita em lei – está na nossa atuação cotidiana. Quando fiscalizamos o Estado ou questionamos políticas, estamos fazendo democracia acontecer”.

Ana Paula enfatizou a inversão do controle social: “antes, o Estado controlava a sociedade. Hoje, somos nós controlando o Estado. Mas isso só funciona com participação efetiva.” Ela também criticou a burocracia que dificulta o verdadeiro exercício do controle social: “muitos conselhos aprovam planos em votos-relâmpago, sem debate. Isso não é controle social, é carimbo. Como discutir um orçamento público pelo celular? Precisamos voltar aos territórios e ouvir quem está fora das salas de reunião”.

Em seguida, a psicóloga, trabalhadora do Sistema Prisional Paulista, dirigente sindical do Sindicato dos Psicólogos do estado de São Paulo (SinPsi), da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi) e presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Fernanda Lou Sans Magano (CRP 06/41191), reforçou a necessidade de ampliar a visão sobre controle social: “o enfrentamento das desigualdades sociais não se resolve apenas com políticas setoriais. Precisamos de uma abordagem interseccional na construção de políticas públicas intersetoriais”.

Fernanda alertou para as consequências da fragmentação das políticas públicas: “saúde não conversa direito com assistência, assistência não conversa com educação. Essas políticas são inter-relacionadas. Precisamos de mais diálogo para potencializar o controle social”.

Ela também chamou a atenção para desafios práticos enfrentados na atuação cotidiana: “nas unidades básicas de saúde e centros de atenção psicoossocial, os espaços de controle social muitas vezes viram turfes eleitorais. Preparar a população para entender que esse exercício é política de cidadania, e não de pequeno poder, é fundamental”.

Encerrando sua fala, Fernanda reforçou o papel da participação ativa na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS): “sem democracia, não há SUS. Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem. É preciso ousar, questionar e até desobedecer para transformar. O SUS é uma construção coletiva — e só existirá se lutarmos por ele”.

Onde o CRP SP atua

O CRP SP mantém uma atuação ampla e diversificada em múltiplas esferas. Nos municípios, ocupa 99 cadeiras distribuídas em 62 conselhos, com participação em áreas estratégicas como saúde, educação, direitos LGBTQIA+, criança e adolescente, entre outros. No âmbito estadual, integra fóruns como o Conselho Estadual de Direitos Humanos (Coned) e o Conselho Penitenciário (Copen), espaços fundamentais para Políticas Públicas. Em nível nacional e internacional, destaca-se a participação em entidades como a União Latino-americana de Psicologia (Ulapsi), o Conselho Nacional de Psicologia (Conpas) e o Comitê de Tecnologia da Informação e Comunicação do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Além disso, fortalece vínculos com movimentos sociais, como o Centro de Direitos Humanos de Sapopemba e o Movimento das Mães em Luto, parceiros essenciais na luta por justiça social e garantia de Direitos Humanos.

Urgência na formação

Ana Paula Polachinni alertou sobre os riscos de retrocessos políticos: “projetos como o que proíbe crianças em paradas LGBTQIA+ se espalham pelo Brasil. Enquanto dormíamos, grupos conservadores aprenderam a manipular espaços como os conselhos tutelares. A Psicologia precisa ocupar essas trincheiras com formação e comunicação clara”. E completou: “não basta ter leis avançadas. Se não fizermos o trabalho de base, o retrocesso será maior do que imaginamos”.

Entidades representadas

• Por meio de conselheiros e integrantes das subsedes do CRP SP, estiveram representadas no evento as seguintes entidades:Comissão Nacional de Assistência Social (Conpas)
• Fórum dos Conselhos Atividade Fim de Saúde (Facfs)
• Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comude)
• Conselho Municipal de Saúde de Bauru
• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Bauru
• Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Álcool e Outras Drogas
• Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo (Copen)
• Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
• Comitê de Direitos Humanos e Cidadania
• Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social (Conpas)
• União Latinoamericana das Entidades de Psicologia (Ulapsi)
• Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Mogi
• Conselho Municipal de Saúde de Assis
• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) -  Assis
• Conselho Municipal de Assistência Social de Presidente Prudente (CMAS)
• Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Santos (Condefi)
• Conselho Municipal do Idoso de Campinas
• Fórum Regional de Educação (ABCDMRR)
• Conselho Municipal do Esporte e Lazer de Ribeirão Preto (CMEL)
• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) - Subsede Ribeirão Preto
• Conselho Municipal de Direito das Mulheres de Catanduva
• Fórum Municipal dos Trabalhadores da Assistência Social de São José do Rio Preto
• Conselho Municipal de Assistência Social de Votuporanga
• Conselho Municipal de Igualdade Racial - Subsede Sorocaba
• Fórum Estadual de Trabalhadoras/es do Suas no Estado de São Paulo (Fetsuas)
• Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Comsea Bauru)
• Conselho Municipal da Diversidade Sexual de Bauru
• Conselho Municipal de Saúde de Araçatuba
• Conselho Municipal de Direitos Humanos de Bauru
• Conselho Municipal de Assistência Social de Bauru
• Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Mogi (ComMulher)
• Conselho Municipal de Saúde de Assis (CMS)
• Conselho Municipal de Assistência Social de Presidente Prudente (CMAS)
• Conselho Municipal do Idoso de Campinas
• Conselho Municipal de Educação (Grande ABC)
• Conselho Municipal dos do Esporte e Lazer de Ribeirão Preto
• Conselho Municipal de Direito das Mulheres de Catanduva
• Fórum Municipal dos Trabalhadores de Assistência Social de São José do Rio Preto
• Conselho Municipal de Assistência Social de Votuporanga
• Conselho Municipal de Igualdade Racial de Sorocaba

 

#ParaTodosVerem
Nessa notícia há um card quadrado. A imagem apresenta grafismos geométricos compostos por hexágonos interligados e círculos internos. A paleta de cores inclui tons vibrantes de vermelho, amarelo, azul e verde, com variações de saturação que criam uma sensação de profundidade. Há um efeito de sobreposição e sombreamento que dá um aspecto tridimensional aos elementos. (fim da descrição)

---