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CRP SP na Semana da Diversidade de São Paulo 2025; leia o manifesto “Não há cura pra quem não está doente”


Publicado em: 19 de junho de 2025

O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP) marca presença na Semana da Diversidade de São Paulo, reafirmando seu compromisso com os Direitos Humanos, com a ética e com o cuidado em saúde mental voltado à população LGBTQIA+. Confira os eventos com participação do CRP SP.

Feira Cultural da Diversidade LGBT+
19 de junho de 2025
Memorial da América Latina – a partir das 10h
Ingressos gratuitos pelo Sympla: acesse pelo link
O CRP SP estará no estande conjunto com o CFP e a OAB-SP.

Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo
22 de junho de 2025
Avenida Paulista – a partir das 10h

Manifesto | Não há cura pra quem não está doente - Ser quem se é e ser si mesmo é um direito!

Durante a Semana da Diversidade de São Paulo em 2025, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP) reafirma publicamente seu compromisso com a ética, com os Direitos Humanos e com o cuidado em saúde mental com a população LGBTQIA+. Esta é mais que uma data no calendário, mais que um momento: é uma oportunidade de visibilizar lutas históricas, de celebrar existências e de lembrar que o orgulho, antes de tudo, é resistência.

Com o tema “Envelhecer LGBTQIA+: memória, resistência e futuro” compreendemos que a Psicologia desempenha um papel fundamental na compreensão e no enfrentamento dos desafios vividos pela população LGBTQIA+ idosa. Essa população frequentemente vivencia um duplo estigma — relacionado à idade e à orientação sexual ou identidade de gênero —, o que pode acarretar isolamento social, rejeição familiar e dificuldades no acesso a serviços de saúde e assistência social. Estudos indicam que idosos LGBTQIA+ apresentam maiores índices de depressão e outras questões de saúde mental em comparação com seus pares heterossexuais.

A Psicologia contribui significativamente ao oferecer suporte emocional, promover a resiliência e fomentar espaços de escuta e acolhimento, além de atuar na formulação de Políticas Públicas inclusivas que garantam uma velhice digna e respeitosa para todos. Ao valorizar a memória e a resistência dessas pessoas, a Psicologia não apenas reconhece suas trajetórias de luta, mas também fortalece a construção de um futuro mais inclusivo e equitativo.

Por que precisamos falar sobre isso?
 
A LGBTfobia adoece, isola e mata. A exclusão, a violência e o silenciamento vivenciados por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres e homens trans, pessoas intersexo e outras expressões de diversidade sexual e de gênero impactam diretamente na saúde mental e nos projetos de vida dessas populações. Por isso, a Psicologia tem o papel essencial de acolher, escutar, legitimar e promover o cuidado com responsabilidade ética e técnica.

Datas afirmativas como a Semana da Diversidade não são apenas celebrações, são atos políticos. Relembrar que, em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais é dizer que não há doença onde há diversidade; é lembrar que o que precisa de cura não são as identidades ou desejos das pessoas, mas sim o preconceito, a ignorância e a violência que as cercam.

O orgulho é o oposto da vergonha. É um gesto de afirmação contra séculos de invisibilização. É um espaço simbólico e concreto onde cada pessoa LGBTQIA+ pode existir em sua plenitude — sem se calar, sem se esconder, sem pedir desculpas por ser quem é. E a Psicologia tem a responsabilidade de sustentar esse espaço com escuta ética, cuidado e compromisso social.

A Psicologia brasileira está comprometida com essa luta. Nosso fazer é orientado por resoluções e normativas que rejeitam qualquer prática que vise a “cura” de orientações sexuais ou de identidades de gênero, reafirmando o compromisso com uma atuação não patologizante, acolhedora, respeitosa e científica.

Por que falar de pessoas intersexo?

A resolução mais recente do CFP sobre essa temática reforça a urgência de reconhecer vivências até então ignoradas, inclusive dentro dos próprios discursos da diversidade. Pessoas intersexo nascem com características sexuais que não se enquadram nas noções binárias de masculino e feminino. Muitas foram submetidas a procedimentos médicos invasivos ainda na infância, sem consentimento, em nome de uma “normalidade” violenta.

O CRP SP defende o direito dessas pessoas à autodeterminação, ao cuidado não patologizante e à visibilidade. Nenhuma identidade deve ser silenciada. Nenhum corpo deve ser corrigido para caber em padrões.

A Psicologia não se cala. Convocamos toda a categoria e a sociedade a se somarem pela construção de uma Psicologia comprometida com a justiça social, com o reconhecimento das diferenças e com a produção de sentidos que libertem — e não aprisionem — as subjetividades.

LGBTfobia é violência.
E onde há violência, a Psicologia ética se posiciona.
O CRP SP está em luta.

Veja alguns dos principais marcos normativos que orientam o cuidado psicológico com a população LGBTQIA+:

Resolução CFP nº 01/1999 – proíbe práticas que proponham a reversão da homossexualidade
 
Resolução CFP nº 01/2018 – estabelece diretrizes para o cuidado de pessoas transexuais e travestis, com base na afirmação de suas identidades
 
Resolução CFP nº 06/2019 – orienta a atuação nos processos de retificação de nome e gênero
 
Recomendação CFP nº 003/2019 – reforça o uso do nome social e o respeito à identidade de gênero
 
Resolução CFP nº 08/2020 (Crepop) – reúne referências técnicas para atuação de psicólogas, psicólogos e psicólogues nas Políticas Públicas para a população LGBTQIA+
 
Nota Técnica CFP nº 03/2022 – atualiza as orientações sobre práticas psicológicas não discriminatórias

Resolução CFP nº 08/2022 – adota linguagem inclusiva e reforça o compromisso com a diversidade
 
Resolução CFP nº 16/2024 – orienta a atuação com pessoas intersexo e seus familiares, com foco no cuidado ético, na autodeterminação corporal, no enfrentamento às cirurgias mutiladoras e na escuta respeitosa de suas vivências
 
Nota Técnica sobre a atuação de profissionais de Psicologia no atendimento às pessoas trans, travestis e não binárias

 

#ParaTodosVerem
Card quadrado com fundo vermelho-alaranjado e bordas com textura pincelada. No canto superior direito, há um círculo com linhas coloridas ao redor e uma faixa com as cores da bandeira LGBTQIA+. Dentro do círculo, está escrito em letras coloridas: “não há cura para quem não está doente”. (fim da descrição)


Termos relevantes
direitos humanos