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Nota de apoio ao município de Suzano


Publicado em: 22 de julho de 2019

O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – CRP SP reconhece os esforços da equipe da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município de Suzano que, após quase quatro meses de intensas negociações, recebeu neste mês as/os novas/os profissionais que darão início a suas atividades junto à rede local, como parte das ações de desdobramento após a tragédia na Escola Estadual Raul Brasil, em 13 de março deste ano.
Destaca-se que, desde o ocorrido, o CRP SP tem se solidarizado com todas/os as/os envolvidas/os e envidado esforços para apoiar e cooperar com as/os profissionais de Psicologia e com a comunidade afetada.
Neste sentido, diversas foram as ações realizadas ao longo desses meses, dentro dos limites e possibilidades de uma autarquia pública, bem como de seus deveres instituídos, sempre realizadas em comum acordo com o poder público e com a rede intersetorial, mais proximamente da RAPS/Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e da Rede de Educação.
Foram realizadas orientações à categoria, participação em rodas de acolhimento e escuta com estudantes, profissionais da educação e familiares, diálogos com autoridades municipais e estaduais, gestores e trabalhadoras da rede de Suzano, sempre no intuito de contribuir na condução da situação e buscar minimizar o sofrimento das pessoas afetadas e familiares, sendo uma das diretrizes a Nota Técnica que trata da Atuação de Psicólogas/os em Situação de Emergências e Desastres, relacionadas com a Política de Defesa Civil elaborada pelo Conselho Federal de Psicologia, no ano de 2013.
Foi possível acompanhar ampla mobilização da sociedade como um todo, assim como de diversos órgãos do poder público, entidades de classe, movimentos sociais e manifestações individuais espontâneas na busca de contribuições e atuações em solidariedade às pessoas afetadas e familiares. Ressalta-se que em situações como essa as diversas ações de voluntariado, espontânea ou de grupos organizados são bem-vindas, desde que em consonância com as autoridades sanitárias e com a lógica preconizada pela rede e pelas políticas públicas vigentes, notadamente da RAPS e do SUAS, não sendo salutar, ainda que pautado em princípios humanitários, qualquer ação/trabalho isolado ou paralelo que sobreponha ou desrespeite o que está sendo ofertado pelo território.
O CRP SP defende o protagonismo das políticas públicas não apenas nas ações e desdobramentos do atentado à E E. Raul Brasil em Suzano, mas em toda e qualquer ação de intervenção para reparar, diminuir ou reduzir o sofrimento das pessoas acometidas por situação de emergências e desastres.
Portanto, às/aos psicólogas/os que se disponibilizam voluntariamente a cooperar em situações como essa cabe uma apropriação dos princípios fundamentais do Código de Ética Profissional da/o Psicóloga/o, especialmente quanto a analisar de maneira crítica o contexto em que atua considerando os determinantes sociais e históricos (Princípio VII, do Código de Ética), não sendo conivente com práticas incompatíveis com o Código de Ética Profissional (Art. 2º, a) e, também incompatíveis, com a garantia de direitos (Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente, Política de Defesa Civil e outras leis que garantem direitos individuais ou difusos), bem como ter para com profissionais da Psicologia ou de outras profissões pleno respeito, consideração e solidariedade (Art. 1º, j, do Código de Ética). Cabe ainda destacar que, em situações como essas, é vedado prestar serviços psicológicos visando benefício pessoal (Art. 1º, d, do Código de Ética).
Faz-se necessário a todas/os, profissionais da rede, Legislativo, Executivo, órgãos do poder público, movimentos sociais, academia e a sociedade em geral, convergir e empenhar esforços para fortalecer a RAPS, o SUS, o SUAS e a Rede de Educação, não sendo salutar divergências e atravessamentos que se sobreponham ao Plano de Ação delineado e pactuado pela rede.
O Conselho manifesta o apoio e solidariedade a toda comunidade escolar e às/os psicólogas/os e demais trabalhadores das políticas públicas de Suzano, que tem cumprido honrosamente a árdua tarefa de atender à demanda ampliada exponencialmente após o dia 13 de março, apesar de todo o nível de stress que a situação acarretou, considerando a cobertura de alguns meios de comunicação de forma sensacionalista, e a espera dos profissionais contratados pela Secretaria do Estado da Saúde aguardada no decorrer desses meses.
O CRP SP elucida, ainda, que esta autarquia não possui parcerias com as Secretarias de Estado da Saúde e da Educação, sendo a atuação deste Conselho a de orientar e fiscalizar a prática profissional das/os psicólogas/os que atuam junto à população afetada.
O CRP SP continuará acompanhando as ações, oferecendo apoio à categoria e à sociedade local, e destaca que a Subsede Alto Tietê, recentemente fundada, através de sua Comissão Gestora, passa a ser a referência para os munícipes de Suzano e região. 
 
XV Plenário do CRP SP