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21 de Março – Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial


Publicado em: 21 de março de 2022

Há exatos 62 anos, 69 pessoas foram mortas e 186 ficaram feridas por tropas militares do Apartheid no massacre de Shaperville, na África do Sul. As ruas eclodiram. Mais de 20 mil indivíduos reuniram-se para passar a sua mensagem: lutar contra a “lei do passe”, vigente em Johanesburgo, que restringia os locais onde pessoas negras poderiam circular. Então, desde 1966, o 21 de Março é a data internacional em que se relembra o combate à discriminação racial, instituída pela Organização das Nações Unidas.

Voltemos a 2022. Quantas situações de discriminação, preconceitos, negligências, assassinatos e outras formas de violências estruturais ainda vemos motivadas pela questão racial? Quantas notícias ainda causam indignação por esse problema? Quantas vezes as obras literárias que denunciam o racismo no fim do século 19 e início do século 20 ainda se demonstram atuais? 

Entre tantos fatores e números que evidenciam a importância de pensar sobre a discriminação racial hoje e em todos os dias do ano, o 21 de Março serve para reforçar as denúncias sobre o genocídio da população negra. De acordo com o Atlas da Violência 2020, o número de homicídios de pessoas negras cresceu 11,5% em 11 anos, enquanto entre o restante da população, houve queda de 13%.

Estes números e dados assustam e não param por aí: segundo o Relatório da Anistia Internacional, a polícia brasileira é a que mais mata no mundo. No estado de São Paulo, cuja polícia é uma das mais violentas do país, segundo a Anistia Internacional, as principais denúncias em relação às polícias civil e militar feitas à Ouvidoria da Polícia nos primeiros cinco meses de 2018 foram 1) de má qualidade no atendimento; 2) abuso de autoridade e 3) de homicídio.

Em um país onde o genocídio da população negra assume uma face visível e alarmante, inclusive com o assassinato de crianças, profissionais que atuam na área da Psicologia devem assumir uma posição efetivamente antirracista. 

Para isso, é preciso apoiar iniciativas antirracistas, buscar formar-se cada vez mais nesta área e, principalmente, cumprir as diretrizes da Resolução CFP n.º 018/2002 a qual reforça que a psicóloga e o psicólogo não devem ser coniventes com situações de racismo em nenhuma hipótese –, estas são atitudes essenciais para que a discriminação racial seja efetivamente combatida. 

Que neste Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial, as mães em luto, que perderam suas filhas e filhos para a violência racial e transformam, todos os dias, o substantivo “luto” no verbo “lutar”, sejam uma inspiração para que cada psicóloga e psicólogo atue de modo antirracista em suas práticas profissionais e condutas pessoais e empenhe-se em diferentes frentes pela garantia dos Direitos Humanos.

Para isso, que tal conhecer mais sobre profissionais da Psicologia que ajudaram na luta antirracista, como Jonathas Salathiel e Virgínia Bicudo, que hoje inspiram ações do Sistema Conselhos? Suas mensagens têm muito a nos ensinar!

Prêmio Jonathas Salathiel de Psicologia e Relações Raciais

Com duas edições realizadas, a primeira em 2018 e a segunda em 2021, o Prêmio Jonathas Salathiel de Psicologia e Relações Raciais tem o objetivo de estimular a produção de artigos na área de Psicologia, assim como criações artísticas das mais diversas linguagens, a respeito da violência causada pelo racismo e dar visibilidade para a produção em saúde mental e relações raciais. 

Os trabalhos premiados, nas duas edições, resultaram na publicação dos livros que podem ser acessados abaixo:

Livro do Prêmio Jonathas Salathiel de Psicologia e Relações Raciais (2018)

Livro do II Prêmio Jonathas Salathiel de Psicologia e Relações Raciais (2021)

Prêmio Profissional Virgínia Bicudo

Iniciativa do Conselho Federal de Psicologia, o Prêmio Profissional Virgínia Bicudo pretende fomentar a divulgação de estudos e ações exitosas no campo da Psicologia e sua interface com as questões raciais. 

O prêmio tem como objetivo identificar, valorizar e divulgar estudos e ações de profissionais e coletivos que envolvam a Psicologia e as relações étnico-raciais fundamentadas nos Direitos Humanos e que tenham impacto na saúde mental, na redução das desigualdades sociais e no posicionamento antirracista. 

As inscrições já foram encerradas e mais informações sobre os trabalhos selecionados podem ser acompanhadas no site do CFP.

#PraTodosVerem: nesta publicação há um card de fundo preto e em tons de laranja. Dentro de um círculo, a imagem de uma mulher negra segurando um cartaz com a ilustração de um punho cerrado.