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Profissionais da saúde, usuárias e usuários, entidades e movimentos sociais ocupam a Av. Paulista no ato da Luta Antimanicomial


Publicado em: 19 de maio de 2023

Tradicionalmente, o 18 de Maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, é marcado pela ocupação das ruas levando a mensagem de que todas as pessoas têm o direito ao cuidado em liberdade e são capazes de conviver em sociedade. O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo têm estado presente nos atos realizados nos territórios, por meio de suas representações, assim como tem organizado as suas próprias atividades dentro da pauta antimanicomial nas subsedes.

Ontem (18/05), foi a vez do ato estadual da Luta Antimanicomial tomar a Avenida Paulista, no epicentro da cidade de São Paulo. O CRP SP somou-se à marcha, ao lado de profissionais da saúde, trabalhadoras e trabalhadores dos CAPS e SUAS, estudantes, representantes dos movimentos antimanicomiais, usuárias e usuários dos equipamentos de saúde e suas redes de apoio, entidades e poder público.

Organizado pela Frente Estadual Antimanicomial SP, o ato teve início com concentração no vão livre do MASP, no começo da tarde. Em seguida, seguiu pela Avenida Paulista, passando pelo viaduto da Rebouças até chegar à Secretaria Estadual da Saúde, na Avenida Dr. Arnaldo. Em frente à instituição, com microfone aberto a inscrições, representantes da Luta Antimanicomial fizeram suas falas.

A seguir, compartilhamos detalhes dessa grande ocupação e também as impressões de quem esteve por lá.

A psicóloga (CRP 06/71781) conselheira presidenta do CRP SP, Talita Fabiano de Carvalho, esteve na marcha reforçando o compromisso da Psicologia com a Luta Antimanicomial: “A Psicologia, em seu Código de Ética profissional, assegura que as pessoas não devem sofrer nenhum tipo de violência, discriminação, opressão ou negligência. Assim reafirmamos o compromisso com o cuidado em liberdade e com a redução de danos como práticas. A Psicologia é indissociável dos Direitos Humanos”, concluiu.

Ione Aparecida Xavier, psicóloga (CRP 06/27445) e conselheira coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CRP SP, participou junto às integrantes do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (FLAMAS). Com uma trajetória de resistência contra o encarceramento de pessoas, tendo acompanhando conquistas e retrocessos no território, Ione fez uma das falas de fechamento do ato: “Venho com uma caravana de Sorocaba. Infelizmente, hoje, usuárias e usuários dos CAPS não puderam nos acompanhar. Sabem por quê? Se há 13 anos fechamos os hospitais psiquiátricos, hoje essas pessoas estão em comunidades terapêuticas, superdosadas, sem conseguirem sair às ruas. Agradecemos a cada pessoa que está aqui hoje, profissionais e usuárias e usuários, que conseguiram vir, que estão em liberdade. Faço parte da Comissão de Direitos Humanos do CRP SP e vamos lutar incansavelmente, a cada minuto, para mudar esta realidade, pedindo por Políticas Públicas em uma Rede de Atendimento Psicossocial (RAPS) com cuidado em liberdade para todo mundo”, finalizou.

A psicóloga (CRP 06/58631) Elisa Zaneratto Rosa, que integrou gestões anteriores do CRP SP e mantém colaborações com o Conselho, ressaltou a natureza do ato: “É a marcha na qual a loucura ocupa a cidade, e este é o sentido do 18 de Maio. É uma luta por políticas de saúde mental que reconheçam a condição de cidadania de todas aquelas pessoas que foram consideradas loucas e incapazes. Ocupar as ruas da cidade tem o sentido de dizer que essas pessoas têm condições de viver em liberdade, de existir carregando as suas diferentes, de participar da vida social e colocar para a sociedade também os seus projetos de vida e de mundo”, contextualizou.

Trabalhadora do SUS, a psicóloga (CRP 06/117728) Naymara Damasceno Sousa reforçou a importância de psicólogas e psicólogos estarem juntos nessa mobilização: “É uma alegria muito grande poder se encontrar com tantas profissionas dos serviços de saúde em prol de uma luta que não pode parar, em nenhum momento, pois ainda não superamos os manicômios. Enquanto categoria, é muito necessário que possamos estar juntas com o CRP SP nessa luta que é de todo mundo e de toda a sociedade brasileira”, compartilhou.

O cuidado em liberdade se faz em rede, nos territórios e com atuação de equipe multidisciplinar. Há 13 anos trabalhando na saúde mental no SUS, a assistente social Gabriele Borges expressou a importância desses pontos: “Hoje é um dia em que nos reunimos para celebrar todos os serviços de saúde e marcarmos as lutas históricas das trabalhadoras e dos trabalhadores, das usuárias e usuários, de seus familiares. Para que a gente possa contar, em ato e ao vivo, para as próximas gerações, como é que se cuida em liberdade e não de forma encarcerada. Esta luta é de todas as profissões, de todos os gêneros e de todas as raças”. Cristiane dos Santos Silva, assistente social da saúde, complementa: “Precisamos lembrar do quanto é importante mantermos os serviços de saúde mental, o cuidado humanizado, acolhedor e o afeto, que é revolucionário e cura as pessoas”.

Estudantes de Psicologia, Ana Laura Guimarães e Luísa Andrade, participaram pela primeira vez do ato. Até então, elas vinham acompanhando as atividades remotamente em função da pandemia do novo coronavírus. Enfatizaram a alegria e a beleza em entrar em contato e compartilhar os espaços com tantas pessoas que apoiam o movimento antimanicomial, “principalmente em uma sociedade que vai tanto contra essa lógica”, pontuou Luísa.

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#ParaTodosVerem Carrossel de fotografias do ato, com pessoas carregando faixas e cartazes em defesa do cuidado em liberdade e contra a lógica manicomializante. Elas estão na rua, na Avenida Paulista. São pessoas diversas, estudantes, conselheiras do CRP São Paulo e militantes da luta antimanicomial. Algumas delas carregam instrumentos musicais como tambores e pandeiros.